
Que seria do homem sem os seus sonhos, suas fantasias?
Que seria dele sem a liberdade de pensar, sem os grilhões que a ciência e a tecnologia criam para cecear-lhe a imaginação
Que seria dele sem as asas do espírito, que o levam a mundos desconhecidos, sem as restrições impostas pelo tempo e pelo espaço.
A razão sem dúvida impulsionou o desenvolvimento do Homo sapiens como não o fez com nenhuma outra espécie. A alma, entretanto, abre-lhe o caminho para uma Quarta Dimensão.
Mais que todos os conhecimentos, foram sempre o mistério, o inexplicável, o oculto, enfim, que com mais empenho o puseram em movimento, e conquistaram sua razão, mas no nosso inconsciente existe um mecanismo de defesa;
ele procura proteção diante da onipresente falta de saídas através de uma civilização que engendra a si mesma e é ao mesmo tempo quase suicida.
Sentimos a necessidade de uma volta urgente às raízes do nosso ser, aos nossos sonhos e fantasias mais remotos, livres de quaisquer injunções impostas pelas assim chamadas conquistas do progresso.
Em nossa vida "moderna", o perigo espreita em muitos dos progressos mascarados como "desenvolvimento" que já escaparam ao nosso controle.
Seria um milagre caso a indústria global da mídia e da propaganda não tivessem percebido as possibilidades que daí resultam.
Ela mais e mais usa correntes do nosso inconsciente para influenciar-nos no sentido desejado, para manipular-nos.
Enquanto, num passado remoto, feiticeiros e fundadores de seitas já usavam métodos de sugestão para rebaixar os homens a dóceis instrumentos e, assim, garantir a própria influência,
hoje imperam os sedutores secretos, membros das diretorias e dos conselhos de gigantescos conglomerados empresariais:
Nós quase somos levados a crer que os gerentes dessas empresas são membros de uma comunidade de crença, cujo postulado se expressa no seguinte lema: "Ganhe dinheiro - ganhe mais dinheiro".
Poucas são as vítimas que ainda estão em condições de descobrir as manipulações.
Seu veneno é inoculado até nos recantos, nichos e culturas mais intactos de nosso planeta, que de maneira insidiosa e incessante vai destruindo a variedade humana e apoderando-se de seus sonhos e desejos.
É dessa maneira que se tenta chegar à alma.
Para eles isso é fácil.
Seu único oponente é a natureza, que atualmente perde uma batalha após outra.
O que um dia começou no caldo primordial não pode ser vencido ou eliminado nem mesmo pela "coroa da criação".
Isso está sempre presente - onipresente - também dentro de nós, como uma loba ou um urso.
Nós usamos a loba ou o urso como pele por baixo do vestido de noite ou do smoking.
O que fazemos ou aonde vamos, não importa:
uma sombra de quatro patas sempre nos acompanha...
Klaus Sonnefeld "Weisse Rabe